sexta-feira

Daniel Campelo constituído arguido (2)

O nosso anterior post, com o mesmo título do presente, parece ter levantado alguns equívocos. Sem alterar uma única linha do que aqui ficou já registado, vamos procurar clarificá-lo:

1. Daniel Campelo foi constituído arguido num processo em que é acusado de abuso de poder. Imediatamente convocou uma reunião de emergência do executivo camarário, para colocar nas mãos dos restantes vereadores a sua continuidade à frente dos destinos do município, que lhe manifestaram total confiança. Estes são os factos.

2. Já aqui referimos que discordamos em absoluto da atitude de Daniel Campelo. A decisão de se manter, ou não, à frente do município deve ser sua ou, no limite, do partido que o suporta ou dos vereadores que o apoiam no executivo. Nunca o ónus deveria ser colocado sobre os Vereadores da oposição, que foram apanhados de surpresa e, como já o referimos, "colocados entre a espada e a parede".

3. A partir de agora, a decisão da continuidade de Daniel Campelo, que nunca contestamos nem sobre a qual emitimos qualquer opinião, será sempre associada ao apoio que lhe foi dado pela oposição e não pelo apoio do seu partido e seus vereadores ou pela sua própria omissão neste processo - empurrou a decisão para as mãos de terceiros. A oposição nunca se deveria ter pronunciado sobre esta questão!

4. Também comentamos a paradoxal posição do PSD, apoiando um autarca de outro partido quando, em situações análogas com autarcas do próprio partido, foi retirada a confiança política ou solicitado que suspendessem o mandato (Valentim Loureiro, Isaltino Morais, Fontão de Carvalho...).

5. Também não entendemos e causou-nos alguma perplexidade, a onda de desconfiança lançada sobre o Ministério Público, por ter deduzido a acusação a Daniel Campelo, como se, de repente, começasse a ser perseguido por aquele órgão da justiça.

6. Sobre esta questão, o que nos resta é esperar. A investigação do Ministério Público terminou e acabou em acusação, seguem-se os restantes trâmites legais e, provavelmente, o julgamento. Para já não há condenados, embora pareça que a oposição entrou já a perder...

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quinta-feira

A denegação de justiça em conflito de vizinhos

Ao contrário de alguns comentadores/políticos apressados não sou eu que vou denegar a justiça a Daniel Campelo e até louvo a atitude dos vereadores da oposição da Câmara de Ponte de Lima pela atitude que tomarem em permitir que a justiça funcione normalmente.

Para já porque a justiça relativa ao processo cível que está na origem desta acusação da prática de dois crimes (denegação de justiça e prevaricação) que consta deste processo penal instaurado pelo Ministério Público, já está realizada.

Depois porque se a Justiça entendeu ser este um caso isolado não enquadrável em qualquer norma que imponha a suspensão do mandato, não devem ser os Vereadores a promover qualquer aproveitamento que leve a uma atitude com um resultado análogo.

Sem qualquer sentido crítico, que nesta fase não parece aconselhável até porque faltam conhecimentos técnicos e jurídicos para ter uma opinião totalmente formada sobre o assunto, diga-se desde já que todo o processo tem origem num desentendimento entre vizinhos:
Um vizinho usava uma fossa, o outro construiu uma piscina em terrenos contíguos. Os líquidos da fossa invadiriam os terrenos em que estava a piscina. Este vizinho entendendo não ter que aguentar com essa invasão recorreu a quem pudesse intermediar o conflito: a Câmara, em detrimento do Tribunal. A Câmara aceitou a incumbência.

Falhados os meios mais pacíficos, a Câmara entendeu usar um meio coercivo, que pessoalmente entendo desproporcionado, mas que Daniel Campelo diz lhe ter sido proposto por um parecer técnico: o corte do abastecimento de água.

O processo inicial está concluído e presumo a justiça já está feita em todos os seus aspectos de normalização das relações de vizinhança. O que está agora em causa é na opinião de Daniel Campelo “se vingar a acusação vai-se instalar o caos no concelho” e “ninguém sério e inteligente vai querer ser presidente da câmara”. Para mim acho que não faltará quem queira.
Para mim só está em causa saber onde começam e acabam os poderes da Câmara neste domínio das relações interpessoais e se podem ir ao ponto de pôr em causa o fornecimento de um bem de primeiríssima necessidade.
Este caso poderá vir a ter uma conclusão de que me perdoarão a perfídia: as culpas sobram sempre para os de baixo, aqui para já estão mais imputadas ao de cima. Mas não tiremos conclusões apressadas.

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quarta-feira

Campelo constituído arguido em processo de abuso de poder (adenda)

Aparentemente os vereadores não manifestaram solidariedade com a opção de Daniel Campelo de continuar a exercer o mandato para que foi eleito. Ao que parece, o que Daniel Campelo quis foi pôr o ónus da decisão, de continuar ou não, nas mãos dos vereadores. Se assim foi é inadmissível pois tem, claramente, objectivos políticos.

A decisão de continuar a exercer o mandato ou não deverá ser única e exclusivamente da responsabilidade de Daniel Campelo cabendo aos vereadores respeitarem essa decisão de forma solidária ou não.

A responsabilidade política futura desta decisão, quer ele queira ou não, é unicamente de Daniel Campelo, com ou sem a solidariedade da vereação.

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Daniel Campelo constituído arguido

Daniel Campelo, presidente do Município de Ponte de Lima, foi constituído arguído, sendo acusado de abuso de poder num processo em que ordenou o corte do abastecimento de água a um munícipe.Aparentemente, trata-se de um processo de pequena dimensão. Campelo não foi acusado e, até ao trânsito em julgado da sentença, tem direito à presunção de inocência. Mas o que está em causa, não é a dimensão do processo, mas sim o princípio. Se Daniel Campelo está absolutamente tranquilo relativamente à acusação, porque é que transferiu para o executivo camarário, em reunião de emergência especificamente convocada para o efeito, o ónus da decisão da sua continuidade à frente do município?

A decisão só pode caber ao próprio e não aos Vereadores que, no caso concreto, foram colocados "entre a espada e a parede". Mas a posição mais surpreendente veio do Vereador do PSD. O líder nacional deste partido sempre defendeu que, em casos análogos, autarcas do PSD devem suspender o seu mandato. Ora o referido Vereador apoiou sem reservas a continuidade em funções de Daniel Campelo. É caso para dizer "não olhes para o que eu faço, mas sim para o que eu digo", bem ao jeito do Bloco de Esquerda que defende a demissão dos autarcas de outros partidos, mas não aplica a mesma bitola com os seus, embora neste caso com as posições claramente invertidas. Estamos numa terra de brandos costumes. Ponto final!

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terça-feira

Campelo constituído arguido em processo de abuso de poder

Confirmou-se hoje o que se ia ouvindo nos corredores da política caseira. Mas é preciso ter a clarividência e a distancia para não cair em histerismos. Campelo não foi condenado, apenas é arguido num caso que segue a normalidade dos trâmites processuais.

E politicamente? Perguntarão alguns leitores. Politicamente este caso é, para já, irrelevante. Aproveitar esta situação para fazer política partidária é um erro. É por isso positiva a reacção dos vereadores ao aprovarem por unanimidade um voto de solidariedade para com o presidente Campelo.

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